Páginas

Seguidores

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

RESTO DE CARNAVAL(série: minhas crônicas)


A cidade de Florianópolis amanheceu de ressaca na quarta-feira de cinzas. No centro o cenário era devastador. Retalhos de fantasias rasgadas, plumas, gravata borboleta, sandália estragada pelo samba, vários acessórios largados ou perdidos no chão, brilhos quase apagado pela chuva. Alguns transeuntes indos e vindos, trabalhadores que voltavam à rotina do trabalho, a maioria das lojas, fechadas. Enquanto o banco não abria suas portas cerradas desde a sexta-feira anterior, para eu pagar as contas, observava tudo com outro olhar.

 

Ao olhar para baixo, vi os cães moradores de rua dormindo, provavelmente com a pança lotadas de sobras de churrasquinhos de carne, cachorros quentes, sobras estas, dos estômagos cheios dos foliões. Dormiam sossegadamente, esticados  roncando na sombra de uma loja da rua Felipe Schmidt...Ouvi alguém comentar diante deles:” Eita ressaca! Ontem a farra foi boa heim?! “  Pensei: cadê os mendigos? O que será que foi feito deles? Será que  a prefeitura “varreu pra debaixo do tapete”? Nem os pombos como de costumes estavam no meio do Largo da Alfândega. Será que ensurdeceram com o excesso de barulho?

 Apesar de tanta propaganda na mídia, para não fazer xixi na rua, as ”casinhas” não deram conta, eram muitas  bexigas cheias. Também...Haja cerveja! Haja lugar para despejar! O mau cheiro com o calor era horrível! Até os varredores  estavam atrasados para limpeza.

Olhando para cima, vi a decoração carnavalesca. Enfeites de pandeiros, mulatas, sambistas, máscaras sorridentes, confetes, serpentinas.  Ao contrário do Natal, onde as ruas ficaram sem enfeites. Birra do prefeito,  sabe como é,final de mandato, a “Prefeitura não tinha mais verbas”. Nem escolas de sambas desfilaram pelo o mesmo motivo citado. No entanto para quem brincou carnaval, valeu.

Conclusão: nem só de sambódromo, divertimentos pagos satisfazem a todos e é feito o verdadeiro carnaval. Foi dito e registrado que, foi um dos maiores e melhores carnavais de rua de todos os anos, como nos velhos tempos, onde multidões pularam e brincaram na rua, Um carnaval familiar, sem brigas, sem gastos excessivos, além de tudo, de graça. O ingresso? A alegria.

 

                                      Dora Duarte (Fevereiro de 2013)

 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sombra boa pra cachorro (série: minhas crônicas)


 
             Estava eu descontraída, no centro da cidade numa linda tarde de sol e calor. Passando por debaixo da velha figueira da Praça XV, fiz uma paradinha, sentei-me um pouco e pensei: para onde as pessoas estão indo, sempre correndo  tão apressadas? Acho que virou um vício, uma doença cotidiana de um mundo moderno. Quase não param, não percebem o outro lado das coisas da cidade. Se passar um conhecido por perto, é capaz de passar despercebido. Se eu não me “policiar”, acabo pegando este hábito também.

 

Observo esse ritmo frenético de compras, pagamentos, atrasos para o trabalho. Faço parte dessa massa, só que mais lenta, para isso, sempre cumpro com um ritual, da organização; as contas, trabalho e se me sobrar um tempinho, dá uma olhada básica nas lojas do meu interesse. Gosto de prestar atenção em cenas deferentes, a minha visão procura, a mente registra como se fosse câmera fotográfica.

               

            Ali bem ali, no meio de  trânsito humano;  turistas, gente que vai e vem atravessando a praça, um som clássico de harpa tocando melodias harmoniosas,senhores idosos, jogando dominó nas mesas cheia de sombra fresca da árvore e mais... Ciganas cercando os transeuntes para ler a mão, o menino sapateiro engraxando sapatos...

 

         Ao lado das mesas dos jogadores, debaixo da  famosa figueira, na sombra dela, um cão vira-lata, deitado de costa, ressonando, roncando com o órgão sexual “O bilolo” de fora, expostos bem natural, como se não houvesse ninguém ali, era ele e a sombra da figueira, nem os senhores  com seus gritos e gargalhadas, quando um dos parceiros ganhavam ,não estava nem aí para aquela cena engraçada, nenhuma pessoa para retratar, aquele momento, nem mesmo eu.

                        Ah como eu desejei ter uma câmera em mãos naquela hora!

 

                               Dora Duarte

 

 
Copyright © 2011 CONTA CONTOS ENCANTADOS.
Template customizado por Meri Pellens. Tecnologia do Blogger