Foi num clima de uma
seca violenta naquela época, exatamente ano
de 1977, lá no Nordeste brasileiro era uma carência muito grande de água, o solo sedento
de chuva , especificamente no sertão e também no agreste, num pequeno lugarejo chamado “Barra do
Geraldo”, que aconteceu esta história...
Devido a escassez, o que tinha em casa, era para beber e cozinhar ,Aquela gente ia longe para lavar roupas . Neste dia, na casa da minha avó
materna, (eu morava com ela), era muita gente da minha família que tinha
chegado do Rio de Janeiro.
Chegou: a minha mãe, tias tios, primos e primas. A casa cheia, com
tanto, mais roupas sujas para lavar. E foi nesta circunstância, na ida ao açude
que ficava bem distante dalí, que aconteceu um fato muito estranho.
De
véspera a minha mãe perguntou:
─ Vamos
se reunir , para ver quem vai sair amanhã lavar toda roupa . Perguntei a minha avó:
─ Vó quem vai?
─
Vai eu,vai você ,sua tia e sua prima.
Peça amanhã ao seu avô para preparar o cavalo. O açude é muito longe , temos
que sair de madrugada.
Desde muito criança,
ouvi falar de uma árvore assombrada, Dizia o povo que todo cavalo que passava
debaixo desta árvore se assustava,emperrava, há ponto de levantar as patas
dianteiras e não seguir em frente. Confesso que não acreditava muito nessa
história de assombração, porém tinha curiosidade de um dia passar lá e
conferir, se era verdade ou mentira, e nesse dia da lavagem de roupa, era uma
chance, pois por este caminho era que a
gente ia passar.
Saímos muito cedo, às 4
horas da manhã estava muito escuro ainda.
Na frente, eu montada no cavalo com a cangalha cheia de trouxas de roupas e
minha prima que era bem menor na garupa. Ela tinha 7 anos de idade e eu 11 , a minha avó
e minha tia atrás, cada uma com um balde cheio de coisas. O da minha
avó: o sabão,o cachimbo, o fumo e o da minha tia, lanche pra gente comer, aguentar a fome até a volta .No caminho
inteiro eu ia pensando naquela história da árvore assombrada, duvidava, queria
ver pra crer, tirar à limpo....
Quando foi se aproximando da árvore, o cavalo
foi ficando estranho, mudando o comportamento, agitado, as orelhas levantaram, eu percebi que ele estava nervoso. O meu
coração começou acelerar, a pulsar rápido. Quando faltava uns dez metros mais ou menos desta
árvore, o cavalo parou. Eu levava comigo um galho de mato com folhas, que se chama
também de “cipó ”, no que ameacei a dar
umas cipoadas de leve para ele seguir em frente, ele só rodopiava e não saia do
lugar. Foi uma peleja, pelejei. Com muito custo, ele seguiu lentamente
assustado.
Ao chegar à travessia debaixo da árvore,
o dia já estava amanhecendo, apesar da claridade, debaixo dela estava escuro,
porque tinham matos que a encobria e a ensombrava. O cavalo desta vez empacou.
Na hora, comecei a insistir, foi pior, ele andava de ré, pulava de ré, pulava
desassossegado por várias vezes, parecia um touro numa tourada, .Foi quando a
cangalha rolou e eu rolei junto com ela
, a minha prima caiu primeiro e fui a última caí. Quando olhei, ela estava
estirada no chão. Vi também o cavalo relinchando e levantar as patas dianteiras
.
A minha avó e tia que vinha atrás viu tudo. O cavalo
não ia de forma alguma. Foi aí que eu passei acreditar naquela história que era de verdade mesmo aquela história .Depois
do susto, já tinha amanhecido o dia, a minha prima voltou para chamar o meu
avô, não era tão longe. Ele veio arrumou a montaria no cavalo, ele saiu puxando
o cavalo, eu à pé atrás para tanger o animal, desta forma fizemos a
travessia , foi difícil. Daquele dia em diante, nunca mais me esqueci daquela árvore assombrada.
Eu Erotildes Maria dos Santos, autorizo a Dora Duarte a escrever este relato.
Escrito e postado por: Dora Duarte