
imagens emprestada do google
Estava ela ali bem diante dos
meus olhos, aquela velha cadeira próximo ao um rádio moderno, que me remeteu
aos anos 60. Muitas lembranças vieram visitar minha mente em raios de segundos.
Parece que estou vendo o meu velho pai sentado nela, a velha cadeira de
balanço, ao lado do rádio (o bem mais
precioso da casa), fumando seu cigarro de palha e ouvindo as últimas
notícias sobre o golpe militar (Revolução 1964) no famoso programa “A Hora do
Brasil”. Quando fecho os olhos parece que ainda ouço
aquela clássica música “O guarani” do autor Carlos Gomes.
As Notícias corriam mascaradas
sobre o que acontecia no nosso país. Na hora que surgia uma voz que dizia:
”edição extraordinária”, lá em casa ninguém abria o bico, para ele ouvir
melhor. Era repressão lá em Brasília e lá em casa também. Nem ao menos um dos
membros da família tinha o direito de perguntar o que estava acontecendo. Só
fiquei sabendo as causas após anos, claro, nos livros didáticos e nem todos
revelaram a verdadeira história “mascarada” como foi a primeira vez
noticiada.
Um dia, porém, surpreendi minha
mãe sentada naquela cadeira de balanço num dos momentos raros, chuleando um
vestido, novamente cantando aquela velha cantiga de guerra, que falava de uma
carta dum soldado atingido e nas últimas para morrer, escreveu a sua mãe e
namorada, fiquei chocada. Despertou-me uma curiosidade, interrompi o canto dela
e perguntei se a guerra tinha acontecido
na nossa pátria, nunca tinha ouvido falar. Da primeira vez ela não me
respondeu, mas decerto o meu pai havia comentado, pois naquele dia me respondeu
pausadamente: ”Não, no Paraguai, mas o ilustre desconhecido era um soldado
brasileiro”.
Hoje ao ver o contraste, rádio
velho, poltrona nova, rádio novo, cadeira velha, como peça de decoração, fico
imaginado... Quantas histórias vividas têm por trás destes objetos!
Dora Duarte
Conto muito comovente,amiga!Esse vou levar lá pro Recanto!bjs,
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