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terça-feira, 3 de maio de 2011

Os últimos pau de arara (final)

                                        Parte lll  final
O Tio reclamando com ele, porque não queria perder aquele tão esforçado ajudante:
    
           __Tio José, o senhor arranjará outro até melhor que eu! Acho o que eu já trabalhei  deu para pagar o que lhe devo não é?
          Ele balançando a cabeça negativa respondeu: __duvido, não é sempre que arrumo ajudante responsável. Sim claro! Ainda tens um pouco para receber, mande para a sua mãe!
         __ vou mandar sim, mas quando receber o meu primeiro salário, esse foi quebra-galho!
         __Ah seu mal agradecido, que dizer que isso não era emprego! Riu.
         __Sim claro tio, eu não quis dizer isso, foi muito bom o senhor te me ajudado.

               Começou a trabalhar com muito desempenho, fazia de tudo ali, metia as mãos na massa, lavava salão, recolhia lixo, cuidava das mesas, servia no balcão,andava sempre com uniforme branco impecável, era muito eficiente. O gerente  passou a gostar do jeito dele e cada dia que se passava, mas aumentava a confiança nele.
      
              O primeiro ordenado, conforme prometera, tirou uma parte para as suas despesas, e o resto mandou pelo o correio para a sua mãe dar de entrada numa máquina de costura de pedal. Um mês após estava recebendo uma carta da sua mãe agradecendo a ele por tudo e lhe abençoando, pediu para que ele procurasse aprender uma profissão e voltar, era difícil para todos da família ficarem longe dele. Já que eram muito unidos
 Nem sempre as folgas dos amigos caíam no mesmo dia.Quando acontecia raramente,               os três se reuniam para pegar um cinema ou mesmo jogar uma pelada. O Genésio foi logo que arranjou uma namorada, estavam morando junto falando em casar breve. O João Batista estava morando numa pensão no centro e o Brás pensando fazer o mesmo, já que tinha chegado uma nova remessa de conterrâneos na casa do seu tio José, Seu tio sempre acolhia pessoas recém-chegadas, eram os primeiros a vir no novo meio de transportes, a marinete.

                  A solidão se apodera do Brás de jeito, já que passou a morar sozinho num quarto de pensão no centro, perto do Parque D.Pedro.Sofreu muito na época de frio, esteve muito doente com começo de pneumonia, a dona da pensão  o levou  no pronto-socorro, ela se preocupava muito com ele, pois era um bom rapaz. Depois de uns dias ele melhorara bem
                 . Começou a se apossar dele uma saudade imensa de casa, pegava a sua gaita e tocava, procurava tocar músicas alegres, mas nem assim abrandava o sentimento de ausência familiar, sentia desolado, talvez por causa da falta dos amigos conterrâneos. Pensou,”.vou sair por aí e arranjar uma namorada”. E arranjou uma.
          
                 Conheceu A Maria das Graças no Parque da Luz, era uma pernambucana, também fazia pouco tempo que estava  ali na capital, trabalhava de doméstica, namoraram por um bom tempo e um dia sem mais nem menos ela termina com ele. Sofreu, mas pensou, melhor assim depois teria que voltar e a separação seria  bem pior.
             Passou-se alguns anos, ele adquiriu algumas profissões: de confeiteiro, balconista, garçom, motorista já com carta na categoria maior profissional.
            Seus amigos casaram-se, ele não, precisava voltar conforme tinha prometido a sua mãe. A saudade era tanta havia já passado cinco anos. Resolvera voltar

            Enquanto isso, em Pitombeiras, a ansiosa espera da família. D Rosário já com os filhos crescidos o pequeno com seis anos completo “aperriando”[pertubando]a mãe com várias perguntas:
                   __ mamãe como é o meu irmão Brás?
                   __ Um ótimo rapaz, bonito, muito inteligente, moreno parecido com o teu pai
                   __ Ele ficou rico? Ele vai trazer um brinquedo para mim ela vai chegar quando?
                   __Pára Adalberto eu não sei de nada! Só sei que ele vai chegar breve, mas só saberei o dia certo se ele vai mandar telegrama, mas por outro lado , se o  conheço bem , acho que ele vai fazer surpresa!

                  De fato a D. rosário acertara. Brás não mandou telegrama estava voltando a sua terra natal, passando pelos os mesmos lugares, tudo diferente, agora avistava as lavouras, casas, gado, quintais  tudo pela janela da marinete, pagara caro a passagem, mas o pau de arara estava extinto.e mesmo que não estivesse, ele preferiria o meio de transportes mais moderno, pois tinha dinheiro o suficiente para isso e menos dias de viagem, menos de o dobro dos dias que a pau de arara levava.
                  As rodovias eram as mesmas, mas modernizadas. A bagagem não era mais uma maleta, nem um saco e sim três malas gigantes e alguns volumes.Não estava rico como o caçula pensara, mas ganhara dinheiro suficiente para montar o seu próprio negócio. Queria ver alegria nos rostos dois irmãos do pai e da mãe. Para cada um deles alguma coisa especial, até a gaita era nova, mesmo assim guardou a velha. Vez em quando tocava um pouco no caminho, não as canções antigas, e tristes, mas alegres, tais como “São Paulo quatrocentão” de Mário Zan, “Rapaziada do Braz” e” O baião da serra grande”  agradando os passageiros companheiros de viagem. com vivas e assobios para a felicidade do Braz. O motorista anunciou á ultima parada, pois faltavam apenas 3 horas para chegarem. Num restaurante de beira de estrada todos desceram, tomaram o café da manhã. Ele aproveitou e tomou um banho rápido, precisava chegar trocado, limpo e perfumado.

             Era domingo, todos haviam ido á missa pela manhã, estavam tomando café quando ouviram uma buzina de um Ford carro de praça. A rua lotada de gente,  era raro um carro assim na porta de uma casa pobre, ainda mais daquela família tão humilde. Todos correram para calçada surpresos incrédulos. Desceu Brás com calça de tergal de vinco, uma camisa de linho branca, sapatos pretos brilhantes, cabelos  feito um topete com brilhantina e óculos escuros:
              __Mamãe não está me reconhecendo? Eis aqui o teu filho de volta ao lar!

              __Meu filho me dê um abraço! Como estais bonito e robusto! Nem parece aquele franzino rapaz que saiu daqui!
              __Papai venha cá também, depois abraçarei um por um dos meus irmãos!
              __ Meu filho como tu mudaste ficou um homem graúdo e elegante!
    
                 E assim foi abraçando com ternura a cada irmã, cada irmão, colocando o caçula no colo falou:

                          
                 __E  tu, já és uma rapazinho, já ajuda a mamãe?
                 __Sim Brás, tu és que nem eu imaginava, muito alto!
                       Ele começou a abrir as malas e distribuir os presentes para a família toda
                        Para a mãe, enxoval de cama mesa e banho vestido e sapatos, para o pai um rádio de madeira. um despertador e um relógio de bolso, para as irmãs e irmãos maiores, roupas , calçados e perfumes.Todos agradeceram
                 O seu irmão encostado a ele foi logo dizendo: __Quero ir para S.Paulo também!
                 __Nada disso tu vais trabalhar comigo, nada de ir para lá, já temos como sobreviver aqui ta? Disse o Braz.           
                __Adivinha o que te trouxe para o meu mano caçula? Uma roupa um par de sapatos e um ônibus de brinquedo!
                   __Oba, eu nunca tive um desse, só brinco com carrinho de madeira e bola de meia!
                  __  Meu  filho em nome de todos eu agradeço por tudo, mas não precisava exagerar já que tens que montar o teu próprio negócio!
              
                      __Não se preocupe, tenho economizado todos esses anos para isso, e Deus me ajudou muito!
                      __Claro, desde quando cumpriste a promessa, de mandar o primeiro ordenado, para comprar a máquina de costura, Deus te recompensou muito!E vai recompensa-lo por toda  vida.
                     Assim o Brás montou seu próprio negócio, prosperou muito fazendo aquilo que ele mais gostava, pães e doces, numa belíssima padaria sem igual concorrência.
                 

                           FIM.

             

                                          Dora Duarte

3 comentários:

  1. Boa tarde, querida amiga Dora.

    Que história linda... E real.
    Adorei o Brás. Cumpriu a sua promessa, e como disse a sua mãe, por isso ele foi abençoado e tudo que ele planejou, deu certo.

    Olha que eu conheço muita história de gente que foi pra São Paulo, ficou muitos e muitos anos, e não conseguiu se firmar. O valor do dinheiro nem sempre está no que se ganha, mas de como se gasta.

    Também acho que o mais importante nesse episódio, é a união da família. Quando a família é unida, a bênção de Deus não deixa que dispersem. Ilumina o caminho e multiplica as posses.

    Adorei!! Parabéns, querida amiga.
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    Aquela música que fala do Pau de Arara, me emociona muito:
    "SÓ DEIXO MEU CARIRI... NO ÚLTIMO PAU DE ARARA"

    Um grande abraço.
    Tenha uma linda semana de paz.
    ---------------------------------------------
    (Muito obrigada pelo seu comentário gentil e carinhoso)

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  2. Dora,uma história muito linda com um final de sonho!Como seria bom se todos os que vem tentar a sorte em Sampa,tivessem o mesmo sucesso do Brás!Adorei sua história!Bjs e boa semana!

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  3. Dora com saudades, vim ler-te um pouquinho e encontro esta linda história, e com final feliz, como é bom sabermos destas vidas que nos servem de exemplo e incentivo, beijos Luconi

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