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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Lenda das Pedras de Itaguaçu


 
 
A LENDA DAS PEDRAS DE ITAGUAÇÚ

       Uma homenagem aos nossos colonizadores açorianos que chegaram na Ilha de Santa Catarina, trazendo nas suas bagagens os seus conhecimentos recheados de crenças, contos e lendas. Publicado no Site Recanto das Letras/16/05/2009/T1597111).

A muitos anos atrás, de madrugada, numa sexta-feira de lua cheia, lá na beira da praia do Itaguaçú, na época um grande gramado em Coqueiros – Florianópolis, Santa Catarina, um bando de bruxas muito malinas, que tinham o costume de roubar canoas de pescadores para fazer os seus passeios bruxólicos noturnos, resolveu dar uma festa, convidando todos os elementares das matas e dos mares. Eram Boitatás, Mula-Sem-Cabeça, Curupira, Lobisomens..., sem a companhia do capeta. Além de cheirar a enxofre, o tinhoso bonitão era descarado e dissimulado, do tipo que só fala aquilo que você deseja ouvir e ver.
Naquela noite, podiam-se ouvir as frenéticas gargalhadas das bruxas, de longe, muito longe, que eram de arrepiar os cabelos e tremer todos os ossos dos seres feitos de argila humana.
O capeta, desconfiado, resolveu fazer a ronda. Deu uma volta pela redondeza para ver como as coisas estavam. Acontece que a sua bruxa preferida: uma benzedeira de zipra, zipela e zipelão, espinhela caída, carne quebrada, nervo torto e mal olhado, também saiu naquela noite para ver se o tinhoso andava por perto. Pois bem sabia ela, que se ele soubesse da tal festa, colocaria tudo a perder.
O malvado só comparecia nas festas para abusar das bruxas. Elas já não agüentavam mais as suas sacanagens, pois ele só participava das festas para dar tapas, beliscões e mordidas nas bundas das bruxas. Isso, quando o tinhoso não ficava cutucando cada uma delas com o seu enorme rabo. Envolvidas nas urgias do capeta, as bruxas acordavam no dia seguinte com o corpo todo doido e marcas por todos os lados.
Acontece que ao aproximar-se do ambiente festivo, o capeta pôde sentir o cheiro das bruxas e ouvir de longe as suas frenéticas gargalhadas. Ao ver que fora traído pelo bando de bruxas por ele tão cobiçadas, o tinhoso enfurecido, ajeitou os chifres embaixo do chapéu e o rabo sob sua vestimenta, cobrindo-se com um manto preto e esfarrapado. Assim, ele ficou ali de espreita, no meio de um pé de manguezal para dar o grande bote.
Camuflado, o capeta foi chegando de mansinho e adentrou na grande festa, disfarçado de mendigo. Nesse momento o descarado pediu às bruxas, com voz roca e suplicante: “Me dê um pedaço de pão e um copo de água, por favor. Estou morto de fome e cede.” Ao verem aquele homem todo esfarrapado e com cheiro de bode, pedindo pão e água, as bruxas caíram na gargalhada, agindo com zombaria: “ Sai daqui coisa feia, mistura de cruz credo com aquilo. Seu horroroso, nem o tibinga é tão feio e fedido como tu! Ahahahahahahahaha...”
Assim, todas as bruxas zombaram do infeliz. Mas o capeta continuou no disfarce, insistindo no pedaço de pão e no copo de água. Até que a bruxa mais velha do bando resolveu atender-lhe o pedido, dando-lhe uma migalha de pão oco e seco, e um copo de vinagre.
Mas no momento em que ele mordeu o pão e bebeu o vinagre, ficou enfurecido..., perdeu um dente e cuspiu fogo na direção das bruxas e de todos os elementares.
Nesse momento o mar, por sua vez, ficou revolto e o vento sul apagou as luzes das velas e das lamparinas que clareavam aquela noite escura. Foi quando as mãos, os braços e as pernas das bruxas começaram a encolher..., com as suas orelhas e nariz desaparecendo.
Por sua vez, as ondas do mar inundaram campo verde, arrastando todos os seres elementares mar adentro, fincando-os um por um no lodo salgado, onde todos os seus convidados ali ficaram.
E lá fora, na beira da praia o capeta exclamou aos berros e de bom tom: “Não quiseram me convidar para a festa, é? Nem quiseram me servir, nem me respeitar. Suas ingratas, que no lugar de água me deram vinagre e em vez de pão me deram um torrão; são só fofocas, maldades e traição. Desta vez terão seu troco. De agora em diante em forma de pedras viverão. E este campo transformo em mar, onde fincadas para sempre vocês possam ficar! Assim pediram, assim será! Ahahahahahahah...”
Nessa noite, na beira da praia do Itaguaçu, o capeta sumiu. E as bruxas lá estão com todos os seus convidados transformados nas misteriosas pedras encantadas. Umas grandes e outras pequenas; de todos os tamanhos e formas.
Se Você duvidar, é só passar por lá. Lá na beira da praia do Itaguaçú, no Continente da Ilha da Magia, antiga Nossa Senhora do Desterro de Santa Catarina de Alexandria. Só assim você poderá ver essas pedras nas suas formas elementares, tais quais como o capeta as deixou.
Este conto entrou por esta porta e saiu por aquela... Quem gostou conte a alguém, quem não gostou que feche a janela.

 

 Autora Claudete Terezinha  da Mata(adaptação do conto de Flanklin Cascaes)

3 comentários:

  1. Dorinha,esses contos precisam ser resgatados,pois fazem parte da cultura brasileira!Adorei!Bjs,

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  2. Amada Dorinha, vivi na ilha de SC desde o meu nascimento. Vi o imaginário ilhéu por todos os lados da ilha, até para educar os filhos a serem honestos, minha mãe dizia: "Quem pega coisas dos outros sem ganhar, nem comprar, ao morrer, dias depois é encontrado com as mãos para o lado de fora da tumba, como é feito com os filhos que levantam as mãos para bater nos seus pais. E eu ficava a olhar para as minhas mãos e a falar para minha mãe: "Elas nunca vão ser encontradas do lado de fora, mãe. Era muito forte o que se ouvia nesse tempo. As bruxas pareciam pousar sobre o telhado das casas a tramar as suas malvadezas e travessuras. É isto e muito mais Dorinha amada. fico grata por publicares o meu conto, que é o único sabia? Os demais são relatos escritos a descreverem sobre as pedras de Itaguaçu.

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  3. Amada Dorinha, vivi na ilha de SC desde o meu nascimento. Vi o imaginário ilhéu por todos os lados da ilha, até para educar os filhos a serem honestos, minha mãe dizia: "Quem pega coisas dos outros sem ganhar, nem comprar, ao morrer, dias depois é encontrado com as mãos para o lado de fora da tumba, como é feito com os filhos que levantam as mãos para bater nos seus pais. E eu ficava a olhar para as minhas mãos e a falar para minha mãe: "Elas nunca vão ser encontradas do lado de fora, mãe. Era muito forte o que se ouvia nesse tempo. As bruxas pareciam pousar sobre o telhado das casas a tramar as suas malvadezas e travessuras. É isto e muito mais Dorinha amada. fico grata por publicares o meu conto, que é o único sabia? Os demais são relatos escritos a descreverem sobre as pedras de Itaguaçu.

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