Estava eu
descontraída, no centro da cidade numa linda tarde de sol e calor. Passando por
debaixo da velha figueira da Praça XV, fiz uma paradinha, sentei-me um
pouco e pensei: para onde as pessoas estão indo, sempre correndo tão apressadas? Acho que virou um vício, uma
doença cotidiana de um mundo moderno. Quase não param, não percebem o outro
lado das coisas da cidade. Se passar um conhecido por perto, é capaz de passar despercebido.
Se eu não me “policiar”, acabo pegando este hábito também.
Observo esse ritmo frenético de compras, pagamentos, atrasos
para o trabalho. Faço parte dessa massa, só que mais lenta, para isso, sempre
cumpro com um ritual, da organização; as contas, trabalho e se me sobrar um
tempinho, dá uma olhada básica nas lojas do meu interesse. Gosto de prestar
atenção em cenas deferentes, a minha visão procura, a mente registra como se
fosse câmera fotográfica.
Ali bem ali,
no meio de trânsito humano; turistas, gente que vai e vem atravessando a
praça, um som clássico de harpa tocando melodias harmoniosas,senhores idosos,
jogando dominó nas mesas cheia de sombra fresca da árvore e mais... Ciganas
cercando os transeuntes para ler a mão, o menino sapateiro engraxando
sapatos...
Ao lado das mesas dos jogadores, debaixo da famosa figueira, na sombra dela, um cão
vira-lata, deitado de costa, ressonando, roncando com o órgão sexual “O bilolo”
de fora, expostos bem natural, como se não houvesse ninguém ali, era ele e a
sombra da figueira, nem os senhores com
seus gritos e gargalhadas, quando um dos parceiros ganhavam ,não estava nem aí
para aquela cena engraçada, nenhuma pessoa para retratar, aquele momento, nem
mesmo eu.
Ah como eu desejei ter uma câmera em mãos naquela hora!
Dora Duarte
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