Um Natal diferente ( Conto de Natal)
Aconteceu no ano de 1994, jamais
imaginaria passar um Natal diferente dos demais.
Por mais que a gente se esforce para ficar indiferente à
esta data, é humanamente impossível, até
porque, o comércio, a mídia, as igrejas cristãs estão aí e se encarregam de
lembrar.
Eu precisava fazer uma cirurgia
de hérnia pélvica preste a “estourar”. Desde o mês de outubro estava fazendo
uma dieta rigorosa a mando de uma médica endocrinologista. A orientação
era para emagrecer no mínimo 20 quilos
em no mínimo 6 meses, ou seja, passaria o Natal no “seco”, não poderia em
hipótese alguma sair do regime.
Resolvi isolar-me da minha família e amigos, sabia que o meu filho passaria
trabalhando no hotel naquela noite
especial. Como ele morava sozinho, pedi a chave do seu apartamento, era lá que
eu passaria aquela noite e a do ano novo. Tudo combinado, sobre o protesto dos
mais chegados, querendo saber o porquê. Mas,
“o que os olhos não veem, o coração não sente” , assim não vendo as maravilhas
de uma ceia irresistível,caprichada, rica em calorias que a mana Carmem fazia,não passaria tanta vontade.
O meu sobrinho e afilhado Carlos
Eduardo(Dudu), foi logo dizendo, querendo ser solidário:
─ Eu vou passar o Natal com a
senhora e pronto!
─ Não, eu vou passar sozinha , tudo o
que vou comer é diet, você vai é passar fome! Contestei.
Ele respondeu-me:
─ Ah tia, eu não vou passar fome, deixa
eu ir. Insistindo, disse-lhe “definitivamente não Dudu!”
Isso acontecera no começo do mês , jamais imaginaria que
faltavam poucos dias para ele partir para
sempre, que seria um dos natais mais triste da minha vida.
Numa semana antes do Natal do ano
de 94, exatamente no dia 16 de dezembro,sem adeus,sem despedidas ele se foi
para Deus. O desespero,a dor, as
lágrimas tomaram conta de mim, até a ponto de sentir remorso de ter o proibido
de ficar comigo , além do mais pelo sofrimento da mãe, ela foi ficar com a
outra irmã, eu fiquei sozinha naquela casa enorme, sentia muito forte a
presença dele, parece que ouvia ele brincar de se esconder e surgia detrás da
porta ou cortina e pregava-me um susto “tchã, tchã!!!”
Aquela sensação era muito forte
da presença dele...
Chegou o dia de comemorar o
nascimento de Jesus Cristo. Apática, muito abalada, fui até as minhas irmãs
para desejar, o que meu Deus! Nem conseguia dizer a palavra “Feliz Natal” ,
apenas abracei-as em silêncio, De lá eu
fui para o meu “esconderijo” no apartamento do meu filho.
Preparei a minha ceia, tudo muito
simples: peito de frango assado, salada mista temperada com iogurte, arroz e
guaraná diet, a sobremesa, gelatina. Enquanto preparava, escutava queimas de
fogos de artifício como cenário nas janelas do apto de número 111, do Ed Gramado.
Liguei a TV para fazer barulho, pois até a minha respiração
forte estava fazendo mal, vez em quando, um soluço de dor e a cada instante, lágrimas escorriam no meu
rosto, a lembrança e a saudade eram muito fortes. Jantei, parecia que a comida
fazia bolo na minha boca...
De repente senti um frio inesperado, a respiração ofegante,
senti a presença viva dele, sorrindo e brincando, como se quisesse me confortar
com aquele sorriso. Lembrei -me das últimas palavras dele insistindo em jantar
comigo. Não tive medo, apenas falei sozinha.
─ Perdoe-me, jante comigo meu querido! Feliz Natal! Senti
uma leveza no meu coração e um conforto na alma.
Dora Duarte
Dora,que comovente essa história!Só mesmo um amor de sangue para fazer sentir a presença de seu sobrinho tão fortemente!Chegou seu livro por aqui e já devorei!...rss...parabéns Dora,por mais essa conquista!O CD está uma graça tb!Que ótima ideia!Bjs e um Natal de muitas alegrias a vc e sua familia!
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