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domingo, 9 de dezembro de 2012

Conto de Natal


                                                    Um Natal diferente ( Conto de Natal)

                                     A mãe dele ,eu e ele. A última foto , uma semana antes ...

Aconteceu no ano de 1994, jamais imaginaria passar um Natal diferente dos demais.

Por mais que a gente se esforce para ficar indiferente à esta data, é humanamente impossível,  até porque, o comércio, a mídia, as igrejas cristãs estão aí e se encarregam de lembrar.

 

Eu precisava fazer uma cirurgia de hérnia pélvica preste a “estourar”. Desde o mês de outubro estava fazendo uma dieta rigorosa a mando de uma médica endocrinologista. A orientação era  para emagrecer no mínimo 20 quilos em no mínimo 6 meses, ou seja, passaria o Natal no “seco”, não poderia em hipótese alguma sair do regime.

Resolvi  isolar-me  da minha família  e amigos, sabia que o meu filho passaria trabalhando no hotel  naquela noite especial. Como ele morava sozinho, pedi a chave do seu apartamento, era lá que eu passaria aquela noite e a do ano novo. Tudo combinado, sobre o protesto dos mais chegados, querendo saber o porquê.  Mas, “o que os olhos não veem, o coração não sente” , assim não vendo as maravilhas de uma ceia irresistível,caprichada, rica em calorias que a mana Carmem  fazia,não passaria tanta vontade.

                O meu sobrinho e afilhado Carlos Eduardo(Dudu), foi logo dizendo, querendo ser solidário:

Eu vou passar o Natal com a senhora e pronto!        

 Não, eu vou passar sozinha , tudo o que vou comer é diet, você vai é passar fome! Contestei.

Ele respondeu-me:

  Ah tia, eu não vou passar fome, deixa eu ir. Insistindo, disse-lhe “definitivamente não Dudu!”

Isso acontecera no começo do mês , jamais imaginaria que faltavam poucos dias para  ele partir para sempre, que seria um dos natais mais triste da minha vida.

 

Numa semana antes do Natal do ano de 94, exatamente no dia 16 de dezembro,sem adeus,sem despedidas ele se foi para Deus. O desespero,a dor,  as lágrimas tomaram conta de mim, até a ponto de sentir remorso de ter o proibido de ficar comigo , além do mais pelo sofrimento da mãe, ela foi ficar com a outra irmã, eu fiquei sozinha naquela casa enorme, sentia muito forte a presença dele, parece que ouvia ele brincar de se esconder e surgia detrás da porta ou cortina e pregava-me um susto “tchã, tchã!!!”

Aquela sensação era muito forte da presença dele...

Chegou o dia de comemorar o nascimento de Jesus Cristo. Apática, muito abalada, fui até as minhas irmãs para desejar, o que meu Deus! Nem conseguia dizer a palavra “Feliz Natal” , apenas abracei-as em silêncio, De lá eu  fui para o meu “esconderijo” no apartamento do meu filho.

Preparei a minha ceia, tudo muito simples: peito de frango assado, salada mista temperada com iogurte, arroz e guaraná diet, a sobremesa, gelatina. Enquanto preparava, escutava queimas de fogos de artifício como cenário nas janelas do apto de número 111, do Ed Gramado.

Liguei a TV para fazer barulho, pois até a minha respiração forte estava fazendo mal, vez em quando, um soluço de dor e  a cada instante, lágrimas escorriam no meu rosto, a lembrança e a saudade eram muito fortes. Jantei, parecia que a comida fazia bolo na minha boca...

De repente senti um frio inesperado, a respiração ofegante, senti a presença viva dele, sorrindo e brincando, como se quisesse me confortar com aquele sorriso. Lembrei -me das últimas palavras dele insistindo em jantar comigo. Não tive medo, apenas falei sozinha.

Perdoe-me, jante comigo meu querido! Feliz Natal! Senti uma leveza no meu coração e um conforto na alma.

 

                               Dora Duarte

Um comentário:

  1. Dora,que comovente essa história!Só mesmo um amor de sangue para fazer sentir a presença de seu sobrinho tão fortemente!Chegou seu livro por aqui e já devorei!...rss...parabéns Dora,por mais essa conquista!O CD está uma graça tb!Que ótima ideia!Bjs e um Natal de muitas alegrias a vc e sua familia!

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