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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Maria de José ( Uma história de amor )

    



Maria foi criada com muita dificuldade, muito comum naquela hoje em dia e antigamente mais ainda   interior numa Aldeia distante de tudo....
 Logo cedinho,  quando  acordava  cuidava da criação de cabras, tirava do pequeno curral e levava para o pasto, voltava para  tratar das galinhas e por último cuidar com carinho dos seus irmãos mais novos, já que quase  todo ano nascia um na casa, sempre tinha um bebê de um ano e uns meses, carente de colo precisando dos seus cuidados.

Pouco tempo sobrava para os estudos e as brincadeira, mas quando sobrava...O que Maria mais gostava, era desenhar vestidos no chão do quintal, criava modelos próprios, era uma imaginação fora do comum para uma menina de onze anos, sem conhecer o mundo lá fora, sem acesso a nada sobre moda. Depois costurava para as suas bonecas de pano e de sabugo de milho. Sua mãe tinha máquina de costura manual, mas tinha um ciúme, nem deixava a filha chegar perto . Tudo o que ela queria era aprender a costurar na máquina, porque não mão ela aprendera sozinha, mas a sua mãe não ensinava, já que ela era a mais velha dos irmãos, suas tarefas caseiras teriam que ser cumpridas. Cuidar das criações da casa e dos irmãos pequeninos.

 Escola ela só freqüentava para aprender o básico, as letras do alfabeto e escrever seu nome. Seu caderno de deveres de casa  era o chão, o lápis, os dedos das mãos, ou um graveto.

Crescera assim, rústica, mas com o talento para costura...

Certa vez, um cavaleiro surgiu como de uma nada, veio galopando em direção à frente do casarão aonde Maria morava, chutou sem querer todas sua lições da escola e seus desenho de vestido,suas “obras-primas” ela o encarou calada, mas com tanta raiva!

─ O que vosmecê  quer aqui?
─Falar com o seu pai, ele está?
─Ele ainda não chegou da roça, mas está para chegar!
─Eu vou esperar aqui sentado no alpendre, continue a fazer o que estava fazendo.

 Ele a olhou com uma admiração, um olhar diferente.Ela correspondeu, mas não com o mesmo olhar, ainda raivosa pelo o que ele fez.

─ Meu nome é José ,tenho visto vosmecê aos domingos sempre nas missas e nas novenas, Como vosmecê se chama?
─Maria, mas não me lembro de ter visto  vosmecê!
─Claro, vos nem olha para os lados!
─Lá vem o meu pai, deixe de prosa!

Seu pai conversou com ele como já se conhecesse há muito tempo. Chamou  José para dentro de casa e Maria entrou para cozinha, ajudar a sua mãe na janta.
Sua mãe perguntou quem estava na sala, ela  descreveu o rapaz e disse só o nome.
Sua mãe deu uma olhada na sala, foi cumprimentá-lo, voltou e comentou:
─Ah eu sei quem é, é José, um rapaz muito bonito, cobiçado muito pelas moças daqui. muito garboso e educado.
─Mãe, o que será que ele veio fazer aqui?
─Não sei Maria!

Ela ficou impressionada com o que sua mãe contou, também curiosa, para ver aquele rapaz novamente, nem que fosse de longe.

Era dia de novena de Santo Antonio na  capela do lugarejo, Toda a família de Maria foi.
Ela olhava em volta para ver se via o tal José e nada. Quando terminou, na saída não pode deixar de vez o Josè, como também os olhares,risinhos derretidos das moçoilas da Aldeia.

Sentiu uma pitadinha  nem ela sabia o quê , nem podia adivinhar, ela já com os seu quatorze anos, nem corpo de moça tinha direito, nem muito menos instrução. Ele já um homem feito, bonitão e muito cobiçado. Ela simplesmente tentou tirar aqueles pensamentos bobos da sua cabeça, conseguiu por uns dias, até vê-lo novamente se aproximar da sua casa, no seu belo cavalo..
Era de tardezinha... Tomou um susto quando o viu. Desta vez o seu pai estava em casa já que era um domingo e ninguém naquela casa desrespeitava o dia do Senhor, era sagrado, nem mesmo Maria costurava seus vestidos de boneca, nem fazia suas lições da escola no seu caderno de areia.

─ Maria, venha até aqui na sala!
Quase teve um desmaio, quando viu seu pai chama-la, suou frio e entrou
:─  Conhece este rapaz José?
_ Conheço sim meu pai, mas daquele dia que ele veio lhe procurar!
_ vos sabe o que ele veio fazer aqui?

─Não senhor!
─Veio pedir sua mão em casamento!
─Meu pai, eu não sei o que dizer, o senhor é quem sabe, o que o senhor quiser está bom para mim.
─ Já dei o meu consentimento, ele é um rapaz bom, de boa família,.É mas ,vosmecês têm que noivar um pouco para se conhecer, sentados aqui na sala, ouviu bem?

Ela aceitou não só por obediência ao pai, o que era comum naquela época, o que não era o seu caso. Na verdade já estava gostando dele, mas não entendia a voz que falava alto no seu coração, nunca ninguém o ensinara que sentimento era aquele, sabia que era um gostar diferente, daquele gostar dos pais, dos irmãos, mesmo assim sentia algo que cada vez se tornava mais forte.

Durante o tempo de noivado, Maria e José nem conversara muito, Maria deu  seu sim ao noivo, o olhava com muita  timidez, em poucos meses já estavam” prontos “para o casamento. Foi uma festa simples com a mesma simplicidade de Maria, Ela estava linda naquele vestido feito por sua mãe naquela máquina de mão, imaginou o quanto foi difícil para sua mãe fazê-lo.

Lá se foi Maria com Josè na garupa do cavalo, carregando na mala, seus pertences, suas bonecas com a pequena coleção de roupinhas feitas por Maria, do aprendizado escolar, levou consigo o escrever seu nome sem ajuda de ninguém, lento, meio soletrado, mas escrevia, como também aprendera  escrever algumas palavras..
A casinha de José e Maria, era uma casinha bem simples, mas bem cuidada,um brinco, os lençóis de saco bem alvejado, os panos de pratos, mais parecia umas tapiocas de tão brancos..José cortava bem caprichado a lenha e Maria arrumava embaixo do fogão. Suas panelas de barro com tampas de latas, mas brilhantes como se  fossem de alumínio.

José era muito amoroso, logo a Maria se apegaram muito,  ele era  um esposo muito bom. Só que quando ele saia para trabalhar, Maria sentia tristeza, enquanto cuidava dos afazeres da casa. tudo bem,ela cantava arrumando a casa, fazia com muito prazer distraía Maria, mas depois, batia uma solidão, lembrou das bonecas que guardara escondidas, resolveu então nas horas vagas brincar, assim o tempo passava enquanto José não  voltava da roça..

Porém, um certo dia José chegou mais cedo, ela nem deu tempo de guardar as bonecas, ele  flagrou....No seu jeito calmo,a chamou  para uma conversa séria, ela estremeceu com a seriedade dele:

─Por que, eu fiz alguma coisa de errado?
─Não Maria, acredito que não fez por mal, mas estar na hora de vosmecê entender, que não é mais criança para brincar de bonecas, agora vosmecê é uma mulher casada, dona de casa e tem um marido!

─José, eu não sabia que eu não podia brincar mais de boneca, mas é que eu me sinto só, depois que faço tudo em casa  brinco enquanto vosmecê não vem.

─Ta bom Maria, de agora em diante já sabe, vosmecê já é uma mulher, apesar de jovem, daqui alguns meses terá uma boneca ou boneco de verdade para cuidar.

─Como assim?

 Alguns meses depois a “profecia” de José se cumpriu. Nasceu  a primeira boneca de verdade de Maria para felicidade dos dois..

Assim foram felizes até a morte!

                       FIM

* Nota: Nem só de dor, desencontro,vilão, rivalidade se constrói uma história de amor , nem precisa ser água com açúcar.A vida já é coadjutora de várias histórias amorosas e o destino conspira á favor.

 imgem emprestada:google

3 comentários:

  1. Bom dia, querida amiga Dora.

    Voltarei para ler com mais calma, mas já gostei muito do que vi.

    É uma honra seguir você.
    (Maria Auxiliadora) Amapola.

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  2. Dorinha,muito lindo e bem brasileiro esse conto de amor!Gostei muito!Bjs,

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  3. Boa noite, querida amiga Dora.

    Adorei!! Que romance maravilhoso...

    Estarei sempre por aqui.

    Um grande abraço. Tenha uma linda noite.

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